Quem é Salim Miguel?

Salim Miguel nasceu em Kfarssouron, no Líbano, em 30 de janeiro de 1924. Veio para o Brasil com sua família quando tinha apenas três anos de idade; o desembarque aconteceu no Rio de Janeiro, estado onde permaneceram por volta de um ano. O destino final da família, no entanto, era o estado de Santa Catarina, mais especificamente Biguaçu, município da Grande Florianópolis. Durante a infância, Salim pôde conhecer um pouco do passado da cidade através das palavras de Ti Adão, ex-escravo centenário. Muito provavelmente, foram as histórias de Ti Adão que incentivaram o menino a criar seus primeiros cenários e personagens. Depois dos anos de adolescência, Salim deixou Biguaçu em direção à capital do estado: Florianópolis. Nessa época, em Florianópolis, a arte moderna estava apenas começando a florescer. Graças ao esforço de um grupo de jovens artistas, reunidos sob o nome de Círculo de Arte Moderna (CAM), diversas manifestações consideradas modernistas tomaram os palcos e as ruas de Florianópolis. Em 1948, o grupo fundou a Revista Sul, com a qual Salim contribuiria por cerca de dez anos. No ano de 1951, publicou seu primeiro livro, “Velhice e outros contos”. Mais de trinta títulos vieram ao longo dos anos seguintes, entre eles “A morte do tenente e outras mortes”, “Vida Breve de Sezefreno das Neves”, “Mare Nostrum” e “Nur na Escuridão”. Em parceria com sua mulher, Eglê Malheiros, também escreveu o roteiro do primeiro longa-metragem produzido em Santa Catarina, “O preço da ilusão”. Em decorrência do golpe militar de 1964, tanto Salim quanto Eglê foram presos por conta de seu ativismo político e cultural. Durante o mês e meio em que permaneceu na prisão, Salim manteve um diário ao qual ele retornou quase trinta anos mais tarde, dando-lhe contornos de ficção. “Primeiro de abril: narrativas da cadeia” foi publicado em 1994 e considerado o melhor romance do ano pela União Brasileira de Escritores. Entre as décadas de 1970 e 1980, Salim elaborou fotorreportagens para a revista Manchete e escreveu críticas literárias para o Jornal do Brasil. Entre 1983 e 1991, dirigiu a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUfsc), fazendo com que ela se tornasse uma das mais importantes do país. Em 1993, assumiu a Fundação Franklin Cascaes, onde colaborou na definição de políticas culturais para Florianópolis. Mais tarde, em 2002, Salim Miguel recebeu o título de Doutor honoris causa da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) e o Prêmio Juca Pato de intelectual do ano da União Brasileira de Escritores. Já no ano de 2009, recebeu da Academia Brasileira de Letras (ABL) o prêmio Machado de Assis, em reconhecimento ao conjunto de sua obra.


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