Conservação
de Energia
Na acepção científica, o termo conservação
de energia refere-se ao Princípio da Física que estabelece
que a energia total do universo é constante, para qualquer
sistema fechado. Dessa forma, a energia pode somente mudar de forma:
energia cinética transforma-se em energia potencial,
energia potencial transforma-se em energia cinética,
energia interna transforma-se em calor ou trabalho. Assim,
a energia não pode ser criada ou destruída, somente
transformada.
Na terminologia técnica da área
de Engenharia, o termo conservação de energia refere-se
a técnicas e procedimentos que visam reduzir o desperdício
e o uso ineficiente da energia, principalmente elétrica,
sem comprometer o conforto e/ou a produção. Em geral,
o termo conservação está ligado ao uso racional
da energia. Essa área tecnológica tornou-se emergente,
principalmente, depois da crise do petróleo na década
de 1970, quando a elevação dos preços desse
insumo alterou substancialmente a estabilidade das estratégias
de obtenção dos recursos necessários para garantir
a sustentabilidade do processo de desenvolvimento.
De maneira genérica, a conservação
de energia pode ser aplicada em diversos níveis:
- Eliminação dos desperdícios;
- Aumento da eficiência das unidades consumidoras de energia;
- Aumento da eficiência das unidades geradoras de energia;
- Reaproveitamento dos recursos naturais pela reciclagem e redução
do conteúdo energético dos produtos e serviços;
- Rediscussão das relações centro-periferia
em setores como transporte e indústria;
- Mudança dos padrões de consumo em favor de produtos
e serviços que requerem menor uso de energia.
No Brasil, as primeiras iniciativas para desenvolver tecnologias
de conservação começaram em 1975, com a organização
de um seminário sobre o assunto pelo Grupo de Estudos sobre
Fontes Alternativas de Energia (GEFAE) que resultou na implantação
de um programa de financiamento, pela Financiadora de Estudos e
Projetos (FINEP), de pesquisas sobre eficiência na cadeia
de captação, transformação e consumo
de energia.
No entanto, somente dez anos mais tarde,
seria criado o Programa de Combate ao Desperdício de Energia
Elétrica (Procel) pela Eletrobrás. Sua atuação
inicialmente caracterizou-se pela publicação e distribuição
de manuais destinados à conservação de energia
elétrica entre vários setores sociais. A seguir, foi
implementado um programa pedagógico junto às escolas
de ensino fundamental, envolvendo uso de material didático
e treinamento de professores. A partir de 1990, o Procel iniciou
projetos e cursos técnicos para formar profissionais com
competência específica na área.
Em 1991, foi instituído, por decreto
presidencial, o Programa Nacional da Racionalização
do Uso de Derivados do Petróleo e Gás Natural (Conpet),
para trabalhar sob a coordenação de um grupo composto
por representantes de órgãos estatais e privados.
Embora, atualmente, o consumo de petróleo e derivadas tenha
um potencial de conservação em torno de 30%, o Conpet
trabalha com o objetivo de um ganho de eficiência em torno
de 25%. A área de atuação do Conpet abrange
as instituições de ensino e os setores de transportes,
industrial (melhoria ambiental e competitividade produtiva), residencial
e comercial (uso de selos de eficiência para produtos), agropecuário
(uso de óleo diesel) e geração de energia (termoelétricas).
Apesar da existência desses programas,
boa parte da população brasileira, incluindo o setor
comercial, ainda desconhece os conceitos relacionados à energia
e os benefícios resultantes de práticas racionais
no uso da energia.
A importância do assunto emerge da análise
do cenário energético mundial, onde observa-se que,
como insumo fundamental, há uma relação direta
entre desenvolvimento humano e consumo de energia (75% da população
mundial vive em países em desenvolvimento com uma significativa
demanda reprimida) e que o aumento do consumo de energia, com base
nos modelos atuais, implica uma série de investimentos que
podem resultar em degradação ambiental (poluição,
chuva ácida, destruição da camada de ozônio).
Dessa forma, desenvolver formas de garantir a energia necessária
para as necessidades básicas bem como para propiciar melhorias
do padrão de vida, segundo critérios racionais e adequados,
é parte fundamental do processo de desenvolvimento sustentável.
Fontes:
Ministério
da Ciência e Tecnologia
Conservação
de energia: conceitos e sociedade.
Rubens Alves Dias & Cristiano
Rodrigues de Mattos & José Antônio Perrella Balestieri.
A
Ciência para o Desenvolvimento Sustentável -
Governo de São Paulo.
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