Guia Floripa

Cachaça

Em Floripa, nos tempos em que a luz era na base da pomboca, os pescadores tinham o hábito de servir uma dose de cachaça para todos da família, incluindo as crianças, antes de comer o que ele havia pescado. Isso era feito para matar qualquer tipo de bactéria existente nos frutos do mar. E se você observar bem, a maioria dos restaurantes típicos serve uma cachacinha de cortesia aos clientes. Coisas da Ilha.

Florianópolis está na rota nacional das boas cachaças, já que aqui estão instalados alguns bares com produção própria e de projeção nacional e até internacional. A mais famosa é a premiada cachaça Armazem Vieira, que é envelhecida em toneis, feitos da madeira Ariribá, dentro do próprio bar, que tem o mesmo nome. Essa madeira só existe no sul do Brasil, e dá aroma e sabor diferenciados à cachaça. Entre outras produções próprias está a Dom Fogaça, do Frango & Fritas. No Pântano do Sul você encontra a Mata Bicho, servidas em tradicionais copinhos de barro. E é do Ribeirão da Ilha que vem a famosa Intisica.

A cachaça é a segunda bebida mais consumida no Brasil, perdendo apenas para a cerveja. Sua importância dentro da cultura nacional é tão grande que são mais de 130 sinônimos listados no Novo Aurélio.

É uma bebida destilada do melado da cana-de-açúcar que surgiu nos engenhos das senzalas, virou símbolo na Inconfidência Mineira, ganhou o gosto dos nobres, sofreu preconceito durante o século XIX por não ser europeia e voltou a ser valorizada pelos artistas e intelectuais após a Semana de Arte Moderna de 1922.

Atualmente, apenas dois alambiques são de produção artesanal – no auge foram mais de 100 – já que decretos regulamentaram a produção da bebida. No Sertão do Ribeirão, comunidade próxima ao Ribeirão da Ilha, fica um deles, o do seu Zeca, que há mais de 20 anos produz cachaças de sabores que vão de banana até folha de bergamota, receita ensinada por sua avó.

Curiosidade: Desde o século XIX, navegadores registraram a produção de cachaça na cidade. Mas somente com a chegada dos açorianos e dos madeirenses é que a produção foi aprimorada, levando Florianópolis ao segundo lugar de produtor nacional, que atendia os navegantes do atlântico sul. Perdia apenas para o Porto de Paraty, no litoral fluminense. Na Ilha de Santa Catarina, no auge da produção de cachaça, operavam mais de 100 alambiques de cana, mas hoje somente existem na região litorânea do continente próximo, devido a transformação da cidade portuária em cidade turística.

Harmonização: Alguns especialistas já consideram que a cachaça pode acompanhar toda uma refeição, do aperitivo ao cafezinho. Independente do quanto você deseja beber, é bom saber que a harmonização das cachaças têm a ver com a harmonização de vinhos. Assim, se você está comendo algo leve, acompanhe com uma cachaça também leve, de baixo teor alcoólico. Comidas pesadas pedem grau alcoólico mais elevado. Pratos condimentadas pedem cachaças aromáticas, já os gordurosos exigem as mais ácidas. Também vale lembrar que as cachaças devem ser bebidas da mais leve e aromática até a mais encorpada e ácida. Vale conferir as dicas de harmonização para saber qual a melhor combinação a ser feita.

Fizemos um breve resumo das harmonizações possíveis.

Aperitivos: caldinhos, ostras ao limão, canapés de salmão e torresmo frito harmonizam com cachaça branca, leve, ligeiramente ácida e resfriada. Caipirinha ou batidas de frutas poderão ser servidas nessa fase da refeição.

Entradas: saladas, vinagrete de frutos do mar, consomes e sopas combinam com cachaças brancas, de médio corpo e com média acidez, levemente resfriadas.

Primeiro prato: peixe, camarão, lagostas, risotos, bacalhau e aves harmonizam com cachaças brancas mais encorpadas e de baixa acidez, servidas na temperatura ambiente.

Prato principal: carnes vermelhas, caças de pena, caças de pêlo, assados, caldeiradas, cozido e feijoada combinam com cachaças envelhecidas, aromáticas, tânicas e de corpo leve, servidas na temperatura ambiente.

Sobremesas: doces, bolos, tortas, sorvetes, salada de frutas, queijos e frutas harmonizam com cachaças envelhecidas, frutadas e de médio corpo, servidas na temperatura ambiente.

Digestivos: café, chás e charutos combinam com cachaças encorpadas, envelhecidas pelo menos três anos em madeira que lhes confere fortes notas de especiarias e riqueza de aromas. Licores de cachaça poderão ser servidos.

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