Cláudio Alvim Barbosa, mais conhecido pelos moradores de Florianópolis como Zininho, nasceu em 08 de maio de 1929 na cidade de Biguaçu. Filho de Alvim Godofredo Barbosa e Teodora Silva Barbosa, perdeu o pai com apenas dois anos de idade, o que o levou a ser criado pelos avós paternos nas redondezas do Largo 13 de Maio, na capital.
Foi ainda durante a infância que Zininho começou a demonstrar suas inclinações poéticas e musicais: gostava de ouvir marchinhas de carnaval pelo rádio e saía às ruas da cidade com sua família para acompanhar os blocos e as festas. Inclusive, sua avó era bastante conhecida no bairro Estreito por organizar banhos de mar à fantasia para as crianças.
Depois de adulto, passou a se envolver com o universo das escolas de samba de Florianópolis, em especial com a Narciso e Dião, que mais tarde daria origem à Protegidos da Princesa. Ao longo da década de 1960, Zininho compôs diversos sambas-enredos para a escola, com destaque para “Homenagem à Princesa”, “Preconceito Racial” e “Homenagem a Carriço”.
Zininho também era uma figura assídua na vida noturna de Florianópolis. Boêmio, grande parte de suas composições se inspiravam nas histórias que via, ouvia ou vivia durante as noitadas. Fazendo do cigarro e do whisky seus companheiros mais fiéis, compartilhava as mesas de bar com outros artistas da cidade e encantava seus interlocutores com a sutileza de seu humor.
O dom da comunicação influenciou notavelmente sua vida profissional. Foi produtor de programas de auditório, trabalhou com propaganda, foi sonoplasta, criador de jingles, cantor, compositor, locutor, entre outros. Foi durante a produção de um programa que Zininho conheceu Neide Mariarrosa, que viria a se tornar sua intérprete favorita das canções que compôs.
Em 1965, o prefeito de Florianópolis, general Vieira da Rosa, queria encerrar seu mandato com um presente para Florianópolis. Para isso, anunciou o concurso “Uma canção para Florianópolis”. Com mais de 200 inscritos, a competição foi realizada em setembro e o primeiro lugar ficou com aquela que viria a se tornar a mais famosa composição de Zininho, o “Rancho de Amor à Ilha”.
Três anos mais tarde, a canção ainda era tão popular entre os moradores da cidade que o vereador Waldemar da Silva Filho – também conhecido como Caruso – apresentou um projeto de lei que propunha que ela se tornasse o hino da capital. O projeto não demorou a ser aceito e, desde então, o “Rancho do Amor à Ilha” é considerado o Hino Oficial de Florianópolis.
O intenso processo de modernização pelo qual Florianópolis passou ao longo da década de 1970 afetou profundamente a relação de Zininho com a capital. Apesar de não ser natural da cidade, o poeta considerava-se “manezinho” e não conseguiu aceitar que a cidade descrita no “Racho de Amor à Ilha” fosse “substituída”. Em seus últimos anos, Zininho sequer abria as cortinas de casa para não ter de encarar a “nova” cidade.
Faleceu aos cinco minutos do dia 5 de Setembro de 1998, no hospital Nereu Ramos, onde estava internado há três dias por conta de um enfisema pulmonar. No carnaval do ano seguinte, recebeu uma homenagem da Protegidos da Princesa com o samba-enredo “Jamais Algum Poeta teve Tanto Pra Cantar”, composto por José Nicodemo Ribeiro e Paulo Sérgio Góis.