Guia Floripa

Rancore

Intenso. Essa é a palavra que define o show do Rancore, que tocou nesse último sábado (14) em Florianópolis como parte da sua turnê de despedida. A banda lançou-se nacionalmente após o seu terceiro disco (e talvez último), chamado Seiva. Nele estão músicas como Jeito Livre, Samba, Mulher e Mãe – que integrou, inclusive, a trilha sonora de Malhação em 2012. Isso pode até fazer que quem não conhece o grupo pense que se trata de uma banda com canções românicas e calmas. Engana-se.

A banda abriu o show com Escravo Espiritual, logo uma das mais pesadas do Seiva.  Quando vi um homem, bem no centro da pista, pedindo para as pessoas se afastarem eu já imaginei: lá vem mosh (popularmente conhecido como roda punk). E não deu outra. Dois minutos ininterruptos de empurrões no centro da pista, inclusive com garotas participando. Em meio a isso, várias pessoas subindo no palco e mergulhando nos braços do público. Eu não esperava por isso logo de cara, mas pelo visto a galera já estava bem à vontade para curtir o show ao estilo hardcore.

Depois vieram outras músicas do Seiva, como Samba, Jeito Livre, Ritual, Planto e Inocentes. Enquanto isso, a roda punk continuava lá, sem pausa, e com a maioria do público participando. Músicas de outros discos também foram tocadas, como Respeito é a Lei – que apesar do bate-cabeça foi seguida à risca durante o show – e Quarto Escuro, muito comemorada pelo público. Para fechar, a emocionante Cresci, provavelmente a música mais subjetiva escrita pelo vocalista Teco Martins.

Ao fim da apresentação, a banda disse que iria tocar algumas músicas acústicas mais tarde no deck, que fica no ambiente externo do Célula. Após meia-hora Teco a Alê, baterista do grupo, reapareceram por lá. Num cenário muito intimista, ele tocou músicas mais leves do grupo, como Mãe, Mulher e Transa, que fechou, definitivamente, a grande noite. Após guardar seu violão ele conversou com os fãs, bateu fotos e se despediu do público, que certamente sentirá falta do grupo.

Por mais que o fim da banda ainda não seja certo – a princípio será apenas um hiato – as possibilidades são grandes. O próprio Teco comentou que esse foi, provavelmente, o último show do grupo em Florianópolis. Se foi ou não, apenas o tempo dirá. A certeza é que o show foi intenso, com muita energia e música boa. Tenho um repertório considerável de shows que já fui, e não hesito em afirmar que esse foi um dos melhores. Espero que venham outros pela frente, pois poucas bandas conseguem ter um som tão original no cenário nacional atualmente como o Rancore.

Gabriel Lima
gabrielduwe@gmail.com
Fotos: Vinícius Bressan

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